sexta-feira, 13 de junho de 2008

Epistemologia e Filosofia da Linguagem

Do que trata a epistemologia senão do estudo do conhecimento, das maneiras de percebê-lo e de internalizá-lo? Isto nos leva à pergunta “o que é o conhecimento”? Ao longo da nossa vida travamos experiências de diversas maneiras e com uma série de fatos: quando bebês, somos um corpo envolvente de sentidos, tudo é novo e atrai nossa atenção: sons, objetos, palpações; quando crianças, sabemos barganhar, mesmo de maneira intuitiva, por aquilo que desejamos. O conhecimento, de certa forma, parte das nossas experiências, mas não somente delas. Estas nos colocam em contato com o “mundo real”. Mas o que é “real”? Certas vezes me pego imaginando se uma caneta teria, para os outros, a mesma forma que tem para mim, a mesma espessura, etc. Para estabelecermos o conceito de real, talvez tivéssemos que deixar de lado nosso ceticismo para, assim, podermos chegar a um estado de verdade em que os conceitos seriam imutáveis, eternos. Isso seria viável? Poderemos garantir que os conceitos, as definições serão exatamente iguais daqui há 500 anos? A linguagem é um exemplo: será que todos os seus signos e significações serão equivalentes até lá? As palavras adquirem, ao longo do tempo, significados diferentes. Um exemplo disto é a palavra que designa o feminino de rapaz – rapariga – que perdeu o seu significado devido à desfiguração de seu sentido, este dado pelo uso. Atualmente, no Brasil, essa palavra significa meretriz. A semiótica estuda a formação desses significados dentro do contexto social, suas inferências, seus valores, sua mutabilidade. Dessa maneira, como pensava Crátilo, seria impossível dar nome às coisas do mundo, exatamente por não sabermos se elas são eternas ou efêmeras. Então, por mais que tentemos, os nomes são incapazes de dizer a essência das coisas, dos sentimentos. Todos nós sofremos como os poetas. Todo poeta é triste, um solitário. Porque suas palavras nunca foram feitas para serem ouvidas, mas para serem soltas. Jamais poderá outro ser compreender a profundidade de seus sentimentos...

Um comentário:

Orwin disse...

Mariana me citou ontem um poema de um tal de Manoel de Barros que diz que ser poeta é carregar água com uma peneira e ser amado, por algumas pessoas, por seus despropósitos :)

Interessante.