quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Como é difícil ter de escrever isso... Como é difícil te falar! Eu preciso e não quero. Se quero, me dói muito. Mas a dor me é velha conhecida... Sorrateira, vem de mansinho. Astuta, sabe onde bater, quando bater. E bate forte! Bate dura. Triste. Não tem pena do que vê.

Ah, mas não é só essa velha coroca que bate, não. Bate também meu coração dentro do peito: um coração aflito, que sente que isso não tem jeito – êta, coração bobo! Êta, coração besta! Besta de se abrir todinho e de uma vez só, sem saber que aquela velha não dá ponto sem nó – tá sempre por ali, de tocaia. Só esperando a hora de entrar, revirando tudo. Deixando tudo de pernas pro ar.

Ah, mas todo coração é bobo, é lerdo da cabeça: nunca aprende que amar é sinônimo de sofrer... e paga por isso. Ora, se paga – nessa vida, nada vem de graça: nem o pão, nem a cachaça! E quando desatina atrás de outro, e acha, fica maravilhado que nem criança quando vê coisa nova. E desembesta sem ter medo, sem medir. Sem razão. E quando perde a razão...

Quem tem amor na vida – ou já entendeu como ele funciona – tem sorte. Quem não... ora aprende testando, ora aprende perguntando a quem já testou: como o Carlinhos, cujo pai lhe disse: “sossegue, o amor é isso que você está vendo: hoje beija, amanhã não”, depois é domingo e segunda-feira é dia de gente grande. Sortudo esse menino! Depois virou moço famoso, contando história e escrevendo poema sobre esse negócio de amar.

Já eu, estou aqui. Tentando consolar o que é inconsolável por ofício. PORQUEAMOU? PORQUEAMEI? Não há mais caminhos para voltar atrás. Já dizia o profeta Gentileza: amor é palavra que liberta. Mas essa brincadeira não é pra todo mundo... Pode não acabar bem.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Os ombros suportam o mundo


Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

domingo, 17 de julho de 2011

Introdução ao Existencialismo [01]


“O propósito deste livro é expor a posição existencialista, traçar um esboço dos argumentos com que os existencialistas a fundamentam, situar o movimento na História da Filosofia, e indicar a reação crítica de outras correntes filosóficas contemporâneas”.

É com o primeiro parágrafo do livro Introdução ao Existencialismo, de Robert G. Olson, que faço minhas estas primeiras palavras. Essas anotações são uma forma que encontrei para fazer um resumo ou um fichamento. Algo onde eu pudesse colocar anotações sobre este livro que estou lendo.

Quando os caminhos se complicam, é necessário retornar ao início, ao princípio de tudo. E aqui não é diferente: para dissipar a idéia reducionista e mundana que toma conta do título “existencialismo”, a saber, filosofia do desespero, é preciso voltar ao começo. Afinal de contas, como diz Edgar Malagodi em "O que é materialismo dialético": as coisas e os fatos se nos apresentam dando a nós a impressão de que sua aparência superficial e imediata é sua última verdade, quando, na verdade, há toda uma realidade construída ao longo dos séculos e por uma infinidade de pessoas.

Valores do homem ingênuo

Nossos caminhos, enquanto civilização, forma de organização social, política e de pensamento, começam inequivocamente na Civilização Grega, então é de lá que começaremos: Aristóteles, no séc. IV a.C., afirmou que a noção de vida feliz para o homem comum era uma vida de prazer físico, riqueza ou honra. Até os nossos dias, muitos filósofos apenas adaptariam “honra” por “fama” ou “aprovação social”, concordando com Aristóteles quase que unanimemente.


Todos eles, porém, em nome de algum modo de vida que suplante as desilusões e frustrações, condenam qualquer projeto do homem comum. Afinal, desilusões e frustrações sempre estarão ligadas a qualquer projeto humano. Os existencialistas também concordam com isso. Para dissipar a ideia errônea da “filosofia do desespero” frisarei três pontos:
  1. Nós – a humanidade – nos enchemos, nos impregnamos, nos convencemos tanto e tão obstinadamente dos valores do homem comum, que, quando são feitas denúncias sobre aspectos negativos desses valores, estes aspectos chamarão mais atenção do que os positivos;
  2. Denunciar as nossas ambições mundanas como vãs (vazias, fúteis) e pregar outro modo de vida é algo valoroso. Os existencialistas dominaram a arte de reafirmar o valor da vida enquanto retratam seus horrores;
  3. Os objetivos do homem ingênuo de hoje podem ser os mesmos do homem ingênuo de Aristóteles. Além disso, o homem de hoje se impregnou de valores da tradição filosófica e religiosa ocidental – embora estes não sejam tão decisivos para sua conduta na vida quanto os primeiros. Portanto, quando existencialistas afirmam que as mensagens de salvação e consolo aprovadas pela tradição são tão vãs quanto a esperança de plenitude através das ambições mundanas, o homem se ofende duplamente. Perde suas linhas de defesa e se vê tomado pelo desespero.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Epopéia Sanitária

Estava eu em minha noturna elucubração psicoesquistossomática, do alto do meu trono de porcelana, em meu recanto particular de análises, quando, num momento de execração daqueles movimentos entrecortados me veio uma sensação exotérmica de liberação gasosa seguida do exórdio da expurgação esfincteriana... Ah! Que fato extasiante! Me preenche um sentimento exteroceptivo e me derramo em mim mesmo.

E lhe digo mais: a dejeção é o momento indelével de encontro com sua autenticidade autobiográfica! É a hora na qual sublimamos toda e qualquer deliqüescência desse nosso modo de vida heterotrófico e nos entregamos à nossa sensibilidade egóica.

Não sei quê pensam: se me olham com desfaçatez ou se de uma maneira desenxabida. Deixo-lhes com esta humilde peça que não sei se é epígrafe, epigrama, epílogo, epinício, episódio, epístola, epístrofe, epitáfio, epitalâmio, epíteto, epítome ou uma simples epopéia sanitária.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Aaaarrgg!!!

The only verdict is vengeance; a vendetta, held as a votive not in vain, for the value and veracity of such shall one day vindicate the vigilant and the virtuous.

V.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Ídolos

Distraído, na sala, ouço o hino do Vasco vindo de um celular lá na rua e tive uma reflexão interessante.
Quando criança, 12 ou 13 anos, eu ficava cantarolando esse hino pelos corredores da escola, na tentativa de decorá-lo. Para que serve um ídolo? Por que inventamos, desenvolvemos e reforçamos nossos ídolos? Que merda! Eu nem gosto tanto assim de futebol. Só curto as copas... Que necessidade é essa de buscar confirmação nesses ícones?
Eu penso que precisamos de modelos porque somos incompletos. Queremos ser daquele jeito, no final das contas. Eu só não compreendo porque jogar no outro uma expectativa só nossa?! Se o outro não responder à altura, quem fica mal somos nós! Além de arriscado, tem um ar de fetiche. Coisa louca! Deve ser a catarse, o bota-fora, "extravazão", chamar o juiz de filho da puta. Eh... é a descarga emocional.
Pensando bem... acho que vou acompanhar mais o futebol...

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Starry, Starry Night...

Eu nunca direi “sinto muito
Sobre o que houve entre nós.
As palavras que nunca foram ditas,
Talvez, nunca fossem para ser.

Na sua busca por algo que não sei, de fato,
O efeito reagiu sobre mim. - não sobre você.
Rosas são pinçadas para que suas essências
Nunca sejam esquecidas,

Mas elas passam – como
Tudo na vida finda. Apenas para
Começar novamente. De outra forma.

Pintamos quadros porque fotografias
Doem demais para serem lembradas.
E o teu já lembra A Noite Estrelada.