domingo, 17 de julho de 2011

Introdução ao Existencialismo [01]


“O propósito deste livro é expor a posição existencialista, traçar um esboço dos argumentos com que os existencialistas a fundamentam, situar o movimento na História da Filosofia, e indicar a reação crítica de outras correntes filosóficas contemporâneas”.

É com o primeiro parágrafo do livro Introdução ao Existencialismo, de Robert G. Olson, que faço minhas estas primeiras palavras. Essas anotações são uma forma que encontrei para fazer um resumo ou um fichamento. Algo onde eu pudesse colocar anotações sobre este livro que estou lendo.

Quando os caminhos se complicam, é necessário retornar ao início, ao princípio de tudo. E aqui não é diferente: para dissipar a idéia reducionista e mundana que toma conta do título “existencialismo”, a saber, filosofia do desespero, é preciso voltar ao começo. Afinal de contas, como diz Edgar Malagodi em "O que é materialismo dialético": as coisas e os fatos se nos apresentam dando a nós a impressão de que sua aparência superficial e imediata é sua última verdade, quando, na verdade, há toda uma realidade construída ao longo dos séculos e por uma infinidade de pessoas.

Valores do homem ingênuo

Nossos caminhos, enquanto civilização, forma de organização social, política e de pensamento, começam inequivocamente na Civilização Grega, então é de lá que começaremos: Aristóteles, no séc. IV a.C., afirmou que a noção de vida feliz para o homem comum era uma vida de prazer físico, riqueza ou honra. Até os nossos dias, muitos filósofos apenas adaptariam “honra” por “fama” ou “aprovação social”, concordando com Aristóteles quase que unanimemente.


Todos eles, porém, em nome de algum modo de vida que suplante as desilusões e frustrações, condenam qualquer projeto do homem comum. Afinal, desilusões e frustrações sempre estarão ligadas a qualquer projeto humano. Os existencialistas também concordam com isso. Para dissipar a ideia errônea da “filosofia do desespero” frisarei três pontos:
  1. Nós – a humanidade – nos enchemos, nos impregnamos, nos convencemos tanto e tão obstinadamente dos valores do homem comum, que, quando são feitas denúncias sobre aspectos negativos desses valores, estes aspectos chamarão mais atenção do que os positivos;
  2. Denunciar as nossas ambições mundanas como vãs (vazias, fúteis) e pregar outro modo de vida é algo valoroso. Os existencialistas dominaram a arte de reafirmar o valor da vida enquanto retratam seus horrores;
  3. Os objetivos do homem ingênuo de hoje podem ser os mesmos do homem ingênuo de Aristóteles. Além disso, o homem de hoje se impregnou de valores da tradição filosófica e religiosa ocidental – embora estes não sejam tão decisivos para sua conduta na vida quanto os primeiros. Portanto, quando existencialistas afirmam que as mensagens de salvação e consolo aprovadas pela tradição são tão vãs quanto a esperança de plenitude através das ambições mundanas, o homem se ofende duplamente. Perde suas linhas de defesa e se vê tomado pelo desespero.